Estava indo levar alguns squeezes para um evento
de um projeto e peguei o ônibus 38 (Itaipu x Centro) próximo ao Shopping Itaipu Multicenter.
Estava de mochila e com uma sacola volumosa, porém muito leve. Ao passar pela
roleta percebi que embora não houvesse ninguém em pé somente os bancos amarelos
estavam vazios. Esses bancos são prioritariamente para o uso
de idosos, deficientes, grávidas e obesos. Mas qualquer um pode sentar nesses
lugares, caso não haja pessoas de prioridade na condução.
Sentei em um banco amarelo
próximo a porta de saída do ônibus e fiquei alerta para levantar caso fosse
necessário. Havia uma senhora ao meu lado, falamos brevemente, chegou o destino dela e ela saiu.
Fui para o canto e sentou ao meu lado um senhor de cerca de 40 anos, tentou contato comigo. Parecia que queria me cantar, não
dei atenção. Depois que ele sentou dei uma olhadinha nos bancos amarelos, que
estavam vazios na hora que entrei e que naquele momento tinham pessoas ocupando esses lugares. A maioria das pessoas que ocupavam esses bancos, com exceção de dois deles eram pessoas que não estavam no grupo
prioritário e tudo bem, não havia em pé pessoas de prioridade.
Ao avançar da
viagem, já com o corredor do ônibus vazio e com todos os bancos cheios entrou
uma senhora de mais de 70 anos e caminhou por mais da metade
da condução e ninguém levantou. O senhor ao meu lado ficou olhando para um menino,
de cerca de 13 anos, que estava sentado em um banco prioritário. Pedi licença a
ele, pois ia levantar para a senhora. E
então esse senhor veio me questionar que quem deveria levantar era o menino e não
eu. Como não queria discussão disse a ele “ele é um menino, não tem noção dessa
situação” para que ele me deixasse levantar logo para a senhora sentar. O jovem senhor muito indignado e ao ver que eu estava com uma sacola grande disse: “então
deixa que eu levanto” e como “macho alfa” o fez. Depois da idosa sentar, ele
continuou a me questionar que o garoto
deveria levantar e não eu, no caso ele.
Eu já bem sem paciência com a situação
disse então: “Meu senhor, educação vem de casa. Na minha família me ensinaram a
ceder a vez a quem necessita” e ele disse, "mas ele é um adolescente, tem noção
do que está fazendo". E para finalizar a conversa eu disse ao senhor: “Ele pode
ser criança, adolescente, adulto e etc. Mesmo assim eu não posso obriga-lo a
levantar e ceder o lugar para um idoso, o que eu posso fazer é a minha parte e
levantar, independente da cor do banco em que estou”.
Dito isto, a conversa parou por ali.
A idosa havia ouvido a conversa calada.
Alguns pontos depois chegou o destino dela, e ela me
agradeceu e soltou um lindo sorriso. Em momento algum ela agradeceu ao rapaz
que havia levantado para ela sentar.
O lugar ao meu lado ficou vazio, acho que o homem ficou com
vergonha de ali sentar novamente. Dois pontos depois chegou um idoso que sentou
ao meu lado. E seguimos a viagem, sem
mais conflitos por causa de bancos azuis ou amarelos.
A situação real pela qual passei me fez refletir sobre nossas
atitudes como nação brasileira, queremos que as coisas mudem, que nossos
representantes sejam idôneos, mas queremos muito dos outros e não de nós. As
pessoas não estão dispostas a fazerem a parte delas, embora queiram que os
outros façam. As pessoas querem que a polícia prenda todos os bandidos e não
estão nem aí sobre em que condições esses presos vão ficar. Se as medidas serão
construtivas ou punitivas. Enquanto o
problema for o outro nunca vamos ter orgulho de ser uma nação, pois não haverá
do que se orgulhar.
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