quarta-feira, 4 de maio de 2016

Meu DEUS, alguém precisa levantar para essa senhor sentar. Alguém que não eu.

Estava indo levar alguns squeezes para um evento de um projeto e peguei o ônibus 38 (Itaipu x Centro) próximo ao Shopping Itaipu Multicenter. Estava de mochila e com uma sacola volumosa, porém muito leve. Ao passar pela roleta percebi que embora não houvesse ninguém em pé somente os bancos amarelos estavam vazios. Esses bancos são prioritariamente para o uso de idosos, deficientes, grávidas e obesos. Mas qualquer um pode sentar nesses lugares, caso não haja pessoas de prioridade na condução. 
Sentei em um banco amarelo próximo a porta de saída do ônibus e fiquei alerta para levantar caso fosse necessário. Havia uma senhora ao meu lado, falamos brevemente, chegou o destino dela e ela saiu. 
Fui para o canto e sentou ao meu lado um senhor de cerca de 40 anos, tentou contato comigo. Parecia que queria me cantar, não dei atenção. Depois que ele sentou dei uma olhadinha nos bancos amarelos, que estavam vazios na hora que entrei e que naquele momento tinham pessoas ocupando esses lugares. A maioria das pessoas que ocupavam esses bancos, com exceção de dois deles eram pessoas que não estavam no grupo prioritário e tudo bem, não havia em pé pessoas de prioridade. 

Ao avançar da viagem, já com o corredor do ônibus vazio e com todos os bancos cheios entrou uma senhora de mais de 70 anos e caminhou por mais da metade da condução e ninguém levantou. O senhor ao meu lado ficou olhando para um menino, de cerca de 13 anos, que estava sentado em um banco prioritário. Pedi licença a ele, pois ia levantar para a senhora.  E então esse senhor veio me questionar que quem deveria levantar era o menino e não eu. Como não queria discussão disse a ele “ele é um menino, não tem noção dessa situação” para que ele me deixasse levantar logo para a senhora sentar. O jovem senhor muito indignado e ao ver que eu estava com uma sacola grande disse: “então deixa que eu levanto” e como “macho alfa” o fez. Depois da idosa sentar, ele continuou a me questionar  que o garoto deveria levantar e não eu, no caso ele. 
Eu já bem sem paciência com a situação disse então: “Meu senhor, educação vem de casa. Na minha família me ensinaram a ceder a vez a quem necessita” e ele disse, "mas ele é um adolescente, tem noção do que está fazendo". E para finalizar a conversa eu disse ao senhor: “Ele pode ser criança, adolescente, adulto e etc. Mesmo assim eu não posso obriga-lo a levantar e ceder o lugar para um idoso, o que eu posso fazer é a minha parte e levantar, independente da cor do banco em que estou”.
Dito isto, a conversa parou por ali.
A idosa havia ouvido a conversa calada.
Alguns pontos depois chegou o destino dela, e ela me agradeceu e soltou um lindo sorriso. Em momento algum ela agradeceu ao rapaz que havia levantado para ela sentar.
O lugar ao meu lado ficou vazio, acho que o homem ficou com vergonha de ali sentar novamente. Dois pontos depois chegou um idoso que sentou ao meu lado.  E seguimos a viagem, sem mais conflitos por causa de bancos azuis ou amarelos.

A situação real pela qual passei me fez refletir sobre nossas atitudes como nação brasileira, queremos que as coisas mudem, que nossos representantes sejam idôneos, mas queremos muito dos outros e não de nós. As pessoas não estão dispostas a fazerem a parte delas, embora queiram que os outros façam. As pessoas querem que a polícia prenda todos os bandidos e não estão nem aí sobre em que condições esses presos vão ficar. Se as medidas serão construtivas ou punitivas.  Enquanto o problema for o outro nunca vamos ter orgulho de ser uma nação, pois não haverá do que se orgulhar.